Mais que um curso, uma proposta de mudança de vida.

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No cenário da sociedade atual é muito comum vermos as pessoas apressadas, confusas, agitadas e infelizes. A filosofia zen budista nos conscientiza da relação existente entre esta corrida cega e a infelicidade humana.
Ao compreender o ensinamento (dharma) e ao praticar a meditação zen (zazen), o sujeito dá início a uma transformação gradativa na sua maneira de agir e é convocado a dedicar tempo às suas ações.
Através destas pequenas paradas, começa a reconhecer a si mesmo e aquilo que está à sua volta, verificando e legitimando o que é apropriado para a sua vida. Desta forma, entende quando e como deve agir, investindo naquilo que, de fato, interessa: o verdadeiro bem-estar.

Aula1

Então, vamos à proposta. A proposta é a de apresentar os fundamentos do Zen Budismo, para tanto será necessário a instrução da prática da Meditação e as ideias centrais que a sustentam.
Farei articulações teóricas, com exemplos práticos, entre Psicanálise e Zen, demonstrando como ambos podem se complementar.
Quero destacar a importância quando formamos um grupo com este propósito: o de conhecer e praticar o Zen. A este grupo chamamos sangha. Este grupo tem em comum, verdadeiramente, este propósito, e isto é algo marcante para iniciarmos a prática.
Digo isto, porque cada um de vocês, certamente, veio para cá com um ou mais propósitos que podem ou não ser convergentes. Mas isso não é importante. O que faremos é construir um campo onde as diferenças possam ser reveladas e a natureza e expressão de cada um possa se manifestar e expandir.
Teremos as ferramentas necessárias e um guia neste processo. Caberá a vocês o empenho para que a Meditação e os ensinamentos possam agir e desenvolver o potencial de cada um.
Trabalho com subjetividade há 21 anos. Tenho percebido ao longo destes anos o quanto o modo de expressão verdadeira dos sujeitos tem sido desestimulado por diversos mecanismos: políticos, midiáticos, religiosos, familiares, mercadológicos, científicos, tecnológicos, psicológicos, educacionais etc.
Tudo isso sabemos que acontece, mas, muitas vezes, não nos damos conta de como nos posicionarmos diante desta enxurrada de estímulos e informações que acabam por produzir dispersão, fragmentação.
É estarrecedor e paradoxal que o homem tenha produzido tantos mecanismos que, a princípio, seriam para evolução, e estes mesmos engendrem tanto desconhecimento de si, causando tantas doenças. O afastamento de si mesmo, daquilo que é a essência de cada um é algo crescente atualmente. É bem verdade que esta essência é dinâmica, mutável, mas o que quero enfatizar é que na contemporaneidade os sujeitos estão fragmentados e desesperados atrás de algo que dê algum tipo de suporte e que se apresente como uma possibilidade de identificação.
O movimento é no sentido de que algo faça sentido. E a sensação é a de que quanto mais se faz, menos se alegra, quanto mais se compra, menos se satisfaz; quanto mais se busca um parceiro, mais se identifica desencontros; quanto mais se exercita, mais adoece, quanto mais se analisa menos se conhece. Quanto mais relações sexuais, menos prazer. É como se tudo fosse muito fraco de sentido. Nada durasse muito.
O esforço é grande e o resultado pequeno, difuso e muitas vezes instantâneo demais para deixar uma marca subjetiva importante, onde o sujeito possa dizer a si mesmo: “puxa isso vale a pena!” A densidade subjetiva deu lugar à superficialidade corpórea, causando mais dualidade e desentendimento.
Há um culto ao narcisismo. O EGOCENTRISMO, de novo, toma a cena. É obvio que não estou aqui só para denunciar o lado obscuro da vida atual. Mas acho importante pensar neste ciclo que, na maior parte das vezes, estamos chafurdados e que não fazemos outra coisa senão reclamar de nós mesmos e daquilo e daqueles que estão à nossa volta.
Produzimos e reproduzimos, muitas vezes, falas repetidas de descontentamento e queixas. “Alugamos” e somos “alugados” o tempo todo. Ouvimos um pouco o outro, não entendemos e até estranhamos sua fala e imediatamente desatamos a falar ou despejar nossas agruras diárias. Haja dinheiro para pagar a conta do telefone e, principalmente, fôlego para falar, falar e falar... Sem nada ser dito.
Dispêndio de energia, de grana, de tempo. A ilusão de que a cada catarse nos aliviamos um pouquinho. E a crença de que o que resta é evitar o desprazer. E, sobretudo, o reforço egóico constante de que não podemos mudar e o outro também não mudará. Será uma mera coincidência, tanta incidência de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Transtornos Bipolares, Síndrome do Pânico? “Obsessivizo”, “histericizo”, deprimo, ou aciono um e outro mecanismo alternadamente?
Seria cômico se não fosse trágico como está a Subjetividade Contemporânea. Este ciclo no Zen chama-se: samsara. O ciclo de nascimento e morte. Onde o sujeito fica rodando em volta de algo que parece um EU e desconhece a si mesmo e o mundo a sua volta.
EGOCENTRISMO é a conseqüência de samsara. A proposta do Zen é a de conscientização de nossos atos e a interação com o mundo de forma serena. Através da meditação, conseguimos exercitar a PLENA ATENÇÃO.
Com o recurso da PLENA ATENÇÃO, somos aptos a ver com clareza o que importa e descartar o que só faz ruído em nossas vidas, o que é superficial e gera KARMA (conceito que será explicitado mais adiante) e o que é profundo e promove o BEM.
Veremos o Caminho que Sidarta Gautama trilhou para deixar-nos o dharma (ensinamento). O Caminho proposto pelo Zen é o Caminho do Meio. Tão propalado e tão mal entendido. O Caminho do Meio exige a extinção da dualidade, tal como na Psicanálise. Não há polaridades e sim uma observação, percepção, compreensão e entendimento de conteúdos formais da Realidade, de acordo com o contexto e a dinâmica da vida. A partir daí, podemos pensar um sujeito singular. Sujeito este que “interexiste” e “interdepende” de tudo que há no universo.
O Caminho do Meio exige do sujeito desprendimento, desapego. Desapego ao eu, para reconhecimento de si num nível mais inconsciente e profundo. O Eu, tal como pensado no Ocidente, se antecipa aos acontecimentos, colocando o sujeito sempre no passado ou no futuro, tirando-o a possibilidade de viver o presente tal como ele se apresenta.
Através da prática meditativa, do estudo da teoria do Zen Budismo e da compreensão de alguns aspectos da Teoria Freudiana e de muito empenho de vocês, trilharemos o caminho da sabedoria, que nos leva a insights (satori ) e estados de iluminação, (samadhi). Freud chamou este estado de: esclarecimento (aufklarüng).
Os japoneses têm um ideograma que sintetiza esta idéia. O ideograma é da mente e coração juntos. A ação precisa é aquela que unifica coração-mente. Neste estado o sujeito não hesita, neuroticamente, ele age saudável e precisamente.
“O samurai só desembainha sua espada se for para usá-la; e o faz com precisão”. O Zen propõe a maciez da seda e o ferro afiado.   
É preciso “desconstruirmos” a pré-concepção de que ser Zen é ser indiferente, distraído, passivo etc. Ao contrário disso, ser um praticante Zen é estar PLENAMENTE ATENTO, sem estar acelerado, estressado e agitado. Este equilíbrio se dá basicamente pela harmonia entre aquilo que iremos estudar como sendo as oito consciências.
A proposta que faço a vocês é a de que comecemos uma ascese firme, diligente, com leveza e seriedade.
Mas o que mais importará neste processo será a ALEGRIA de estar buscando o bem estar profundo. A generosidade, a compaixão, a serenidade, a tolerância e a alegria de viver serão os motores desta prática.
O Zen não é religião, não é uma doutrina, não é um ensinamento puramente. Trata-se de uma filosofia de vida, um estilo, uma ascese que, se bem praticada, causa uma revolução silenciosa com efeitos no nosso entorno.
A transmissão do Zen, tal como da Psicanálise, não se dá só pela teoria, mas principalmente pelo exercício prático.  A meditação está para o Zen tal como a análise está para Psicanálise.

1 comentários:

  1. Fernando Gameleira
    Said

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    O conteúdo desta aula 1 já deu uma ideia do quanto iríamos aprender neste curso. Gostei muito!

    1 de junho de 2010 às 17:54

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