Mais que um curso, uma proposta de mudança de vida.

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No cenário da sociedade atual é muito comum vermos as pessoas apressadas, confusas, agitadas e infelizes. A filosofia zen budista nos conscientiza da relação existente entre esta corrida cega e a infelicidade humana.
Ao compreender o ensinamento (dharma) e ao praticar a meditação zen (zazen), o sujeito dá início a uma transformação gradativa na sua maneira de agir e é convocado a dedicar tempo às suas ações.
Através destas pequenas paradas, começa a reconhecer a si mesmo e aquilo que está à sua volta, verificando e legitimando o que é apropriado para a sua vida. Desta forma, entende quando e como deve agir, investindo naquilo que, de fato, interessa: o verdadeiro bem-estar.

REFLEXÕES DE FIM DE ANO

No fim do ano, me pergunto: “O que mais ouvi dos alunos e pacientes quanto às suas dificuldades?”
Faço esta reflexão para compreender o que precisarei trabalhar para melhor compreendê-los e acessá-los. 
A resposta vem deste lugar:
“- Não suporto mais carregar o peso de minhas defesas inconscientes (pensamentos e atitudes que um dia aprenderam para se defender de algo que os importunaram ou ameaçaram), e também não sei como fazer diferente. Um dilema que tem me aprisionado e me feito muito infeliz no dia a dia. E o pior é que já não sei quem eu sou.”
Esta percepção não é clara e explícita como relato, mas é inequivocamente revelada por vias confusas e tortuosas.
Vamos ficar apenas com esta percepção.
Quero e preciso mudar, mas não sei o que, nem por onde começar. O que será de mim, sem esta identidade conhecida?
O primeiro passo é a percepção de que existe mal estar (Primeira Nobre verdade do Budismo). Não tentar esconder, escamotear a realidade. Aceitá-la como algo verdadeiro. Neste processo, boa parte da energia (investimento psíquico) é transformada, pois não terá o desperdício de ser canalizado para realimentar a defesa (manutenção do mal estar). Não fazer (wu-wei) é fazer muito neste momento.
O segundo passo é a percepção daquilo que causa mal estar, existe uma origem (Segunda Nobre Verdade do Budismo). Em geral, esta origem pode ser associada aquilo que chamamos na psicanálise “um excesso de energia”. Esta origem está ligada ao que, vulgarmente, chamam de “desejo” (trishna).
Que fique muito claro que desejo não causa mal estar, o que causa mal estar é o simulacro do desejo, aquilo que muitas vezes é posto em seu lugar para não se arriscar, para não viver o presente. Em algum momento, é fundamental que o sujeito se veja dentro disso.
Buda nos indicou a Terceira Nobre Verdade, a de que é possível fazer cessar aquilo que causa desequilíbrio (dukka), e o caminho para isto é viver de acordo com a verdade daquilo que há em si mesmo e à sua volta sem excessos.
O Caminho Óctuplo, um caminho de oito aspectos fundamentais, nos ensina a viver de um modo, firme, tranquilo e interligado com o mundo (o outro). Instaura-se a perspectiva de um Caminho do Meio (sem dualidades).
A cada ano renovo meu Empenho Apropriado (um dos oito aspectos) para continuar transmitindo o que aprendi com Freud (teoria e técnica psicanalítica) e Buda (Dharma) para promover transformação no mundo (Monja Coen).
Meu querido Gilberto Gil, neste fim de ano, me trouxe comoção ao responder, ao ser perguntado por Marília Gabriela como se sentia com seu reconhecimento mundial:
“- EU não sou nada disso, eu sou aquilo que continuo sendo a cada dia, não há uma identidade formal que faz de mim um EU formado, fixado. Eu estou pronto para o próximo momento, não carrego nada comigo. Assim como os meditantes”.
É Gil, ouvindo você compreendemos que precisamos estar muito atentos ao nosso ego. Sermos sempre capazes de desbastá-lo, e vivermos a simplicidade das coisas. Isso é o recurso fundamental para Continuarmos a Ser no mundo (fluxo contínuo e claro de uma capacidade de ser sem amarras).
Para estarmos simples, precisamos nos desapegar das defesas, dos nós internos, das falsas certezas.
Neste ano, mais uma vez, testemunhei que a vitalidade psíquica transforma sintomas físicos, faz os sujeitos renascerem e muitos expandirem suas descobertas para seu entorno.
Obrigada aos meus companheiros diários de caminhada (pacientes, alunos, família e amigos) pela oportunidade de viver uma vida plena.
Especial agradecimento à abertura da minha mãe e à oportunidade que me ofereceu de lhe contar, depois de muitos anos, quem foi Sidarta Gautama, o Buda.

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